Artistas reunidos ao lado da banda Black Sabbath, em seu show de despedida. Crédito: Reprodução, Twitter

Fonte: João V. Bessa, DeFato

Festival “Back to the beginning” reuniu estrelas do rock em homenagem final à banda e ao vocalista Ozzy Osbourne, que anuncia a aposentadoria

Na tarde de ontem, a cidade de Birmingham, na Inglaterra, foi palco do show de despedida de seu grupo musical mais célebre, a banda Black Sabbath. Reunidos por uma última vez, o quarteto formato por Ozzy Osbourne, Geezer Butler, Tony Iommi e Bill Ward apresentaram um repertório com os sucessos da carreira e receberam homenagens de ícones do heavy metal. Metallica, Slayer e Pantera se apresentaram no festival montado para homenagear o grupo.

O festival “Back to the beginning” (volta ao começo, em inglês) reuniu não apenas a formação original da banda pela primeira vez desde 2005, mas também uma geração de artistas influenciados por eles em uma tarde de música no estádio Villa Park, do Aston Villa, clube do coração de Ozzy e Geezer Butler.

Estiveram presentes as atrações: Metallica, Guns N’ Roses, Tool, Slayer, Pantera, Gojira, Alice in Chains, Lamb of God, Anthrax, Mastodon e Rival Sons. Além disso, participaram artistas como Steven Tyler, Tom Morello, Ronnie Wood e Billy Corgan.

O evento selou o fim da trajetória da banda e também a aposentadoria do vocalista Ozzy Osbourne, artista-símbolo de uma determinada forma de se fazer (e viver) o rock no século XX. Atualmente aos 76, Ozzy apresenta a saúde debilitada, tendo passado por internações por bronquite e pneumonia em 2019. Em 2020, porém, foi recebeu um diagnóstico de Parkinson. Essa foi a última apresentação de sua carreira.

O legado do Black Sabbath

A banda se reuniu pela primeira vez em 1968, na cidade de Birmingham, contando com o guitarrista Tony Iommi, o baixista Geezer Butler, o baterista Bill Ward e Ozzy Osbourne nos vocais. A ideia original era compor um grupo de blues rock. Contudo, o destino reservaria para eles o papel de pioneiros do rock e precursores do gênero heavy metal.

Ao assumir o nome Black Sabbath (que significa sábado sombrio, em inglês), o grupo passou a apresentar canções que exploraram temas como a guerra, o terror e conflitos emocionais. Embora tenham se tornado conhecidos pela experimentação com letras que tratavam de questões sombrias e apocalípticas, também preocuparam-se em discutir questões sociais, a corrupção, a desilusão e o abuso de substâncias ilícitas.

Fazendo parte do catálogo da gravadora Vertigo, lançaram o primeiro álbum, “Black Sabbath”, em 1970. O primeiro grande sucesso veio com o segundo trabalho, “Paranoid”, que chegou às lojas no mesmo ano. Contando com canções que se tornaram clássicas, como “Iron Man” e a própria “Paranoid”, alçaram a banda um novo patamar de prestígio e popularidade artísticas.

Com a formação original, foram nove os álbuns de estúdio, até a primeira dissolução, em 1979, quando o vocalista Ozzy Osbourne iniciou a sua carreira solo. Dali em diante, o Black Sabbath seguiria o seu caminho reunindo diferentes vocalistas e instrumentistas. Entre eles, o mais célebre foi Ronnie James Dio, ex-vocalista da banda Rainbow, com o qual gravaram o álbum “Heaven and Hell”, em 1980.

Ozzy, por sua vez, encontrou na carreira solo uma plataforma para o sucesso profissional, vendendo mais de 100 milhões de cópias de seus trabalhos posteriores. Entre eles, destaca-se a parceria com o virtuoso guitarrista Randy Rhoads. Com ele, lançou a canção “Crazy Train”.

Influência musical

Surgindo num momento histórico em que os Beatles (grande referência de Ozzy) ainda estavam em atividade, a banda Black Sabbath representa uma ruptura estética com a música do “verão do amor”, tendência que marcou a indústria fonográfica ocidental, no contexto histórico da guerra do Vietnã. Nos Estados Unidos, o Festival de Woodstock acontecera no ano anterior, consagrando Jimi Hendrix, Carlos Santana e o quarteto Crosby, Stills, Nash & Young.

As canções tensas e sombrias do Black Sabbath surgiram como o frescor da novidade, num momento em que algumas bandas ingleses experimentavam os limites da distorção, ampliando os horizontes do rock do período. Como exemplo tivemos grupos como Led Zeppelin, The Who e Deep Purple.

Contudo, o Black Sabbath foi além. As inovações técnicas impressas por Tony Iommi e Geezer Butler (como utilizar afinações mais graves na guitarra contrabaixo) definiram um novo som, uma nova forma de pensar a música na perspectiva do rock. E o seu esforço plantou sementes.

Já no final dos anos 1980, surgiu uma nova geração do gênero musical, com grupos como Iron Maiden. Porém, foi na chamada geração do trash metal que a influência do Black Sabbath se mostrou mais evidente. Bandas como Metallica Anthrax beberam dessa fonte para consolidar o heavy metal como uma cultura que se tornaria presente em todo o planeta.

O show de despedida de Birmingham foi uma celebração dessa trajetória e desse legado, uma reunião dos membros originais da banda ao lado de diferentes gerações de artistas que nunca se furtaram de declarar a referência do Black Sabbath como um norte musical, um grupo inovador e, por isso, admirado.

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